Após sua morna recepção no Festival de Cannes de 2013, o filme que com certeza chegaria direto em DVD em território nacional, não fossem os nomes da diretora Sofia Coppola e da atriz Emma Watson nos créditos, estreou nas telonas brasileiras há cerca de duas semanas. Bling Ring - A Gangue Hollywood retrata com fidelidade a considerável despretensão e extravagância da vida adolescente nos luxosos bairros de Los Angeles.
O longa, baseado em fatos reais, narra a história de um grupo de cinco "amigos" hollywoodianos que começa a assaltar a casa de artistas famosos. Paris Hilton, Lindsay Lohan e Orlando Bloom são algumas das vítimas dos jovens, que levam roupas, sapatos e outros zilhões de objetos que juntos chegam ao valor de três milhões de dólares. Entediados, superprotegidos e incontroláveis, o quinteto de amigos interpretado pelos atores Claire Julien, Taissa Farmiga, Katie Chang, Israel Broussard e Emma Watson aspira ao mundo da fama sem qualquer peso na consciência, se é que eles tem alguma.
Apesar da premissa interessante e da abordagem do assunto que deu o que falar em 2009, quando os roubos ocorreram, o grande problema do filme é a sua própria trama. Praticamente tudo o que o acontece na tela nós já sabemos somente assistindo ao trailer. Adolescentes "filhinhos de mamães e papais" que tem todo o dinheiro e a liberdade do mundo para fazerem o que quiserem em um dos lugares mais chiques do planeta. Em um determinado momento do filme, começam os roubos, que só aumentam o fascínio dos personagens pelo glamour das celebridades e suas mansões (sempre desprotegidas) e acabam aumentando a vontade por mais invasões de domicílios e furtos. E é só isso. Um, dois, três assaltos e o espectador já está cansado de tantos closets, jóias, festas, bebidas e drogas. Como também já sabíamos anteriormente, uma hora inevitavelmente algo sai errado. As consequências são apresentadas, e o filme fica por aí.
Sofia Coppola, a diretora do filme e filha de Francis Ford Coppola, responsável pela histórica trilogia O Poderoso Chefão, até tenta dinamizar a narrativa com planos diferenciados, às vezes em um estilo documental. A trilha sonora composta por rap e músicas eletrônicas e as barulhentas e agitadas cenas em festas e boates também ajudam no retrato da juventude descontrolada, sem limites ou censura. Curiosamente, aqui não podemos reclamar dos personagens mal desenvolvidos ou vazios porque eles realmente representam seres humanos "mal desenvolvidos e vazios". Entretanto, é preciso destacar a atuação de Emma Watson (aqui sem o seu marcante sotaque britânico), que mostra-se uma atriz versátil e avança mais um passo no difícil desvencilhamento de sua imagem como Hermione.
Apesar de passar longe de outros trabalhos da diretora, como o ótimo Encontros e Desencontros, Bling Ring tem como grande ponto positivo sua veracidade. Mas ao fim da projeção, é difícil não se perguntar se um longa-metragem sobre os eventos ocorridos era realmente necessário.
Nota: 7.
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