sábado, 2 de fevereiro de 2013

Os Miseráveis

Após quase dois meses da estreia nos Estados Unidos, enfim chegou às telas brasileira nesta sexta (1) o musical super-produzido Os Miseráveis. Criada pelo escritor francês Victor Hugo em 1862, a obra, que já teve várias adaptações ao cinema, desta vez é dirigida por Tom Hooper, vencedor do Oscar em 2010 por O Discurso do Rei. O Blog Serinema já assistiu e conta abaixo um pouco sobre o filme.





















Ambientado na paupérrima França do século XIX, o longa conta a história de Jean Valjean, um condenado à prisão que consegue sua liberdade e vive na miséria. Ao ser acolhido por um padre, o personagem tem sua vida mudada e consegue crescer financeiramente, tornando-se prefeito de Montreuil-sur-Mer. Enquanto isso, junto à trama principal, a França vive um período tenso e miserável entre as Batalhas de Waterloo e os motins de 1832.


Aqueles que buscam um filme tradicional sobre guerras e revoluções podem sair decepcionados ou até antes da sessão terminar: em suas 2h38 de exibição, praticamente todas as cenas são cantadas, com quase nenhum diálogo, o que proporciona ao filme um tom bastante teatral. Todo o desenvolvimento dos personagens ocorre através das inúmeras canções entoadas, o que por vezes torna o filme cansativo e arrastado até para os maiores apreciadores de musicais. Apesar disso, o roteiro do filme consegue explorar a trama de forma bastante realista, abordando em grande parte do tempo temas como a justiça social e os direitos civis. 


Um dos pontos mais interessantes de Os Miseráveis é que as músicas foram todas gravadas no set de filmagem e não em estúdios de gravação, deixando as atuações dos atores mais verdadeiras e menos encenadas. É claro que, com isso, alguns dos atores se saem melhor do que outros: Anne Hathaway (Fontine), que certamente vai levar o Oscar, consegue provocar  lágrimas e arrepios com seu "I Dreamed a Dream", enquanto Hugh Jackman, que já tem experiência em musicais, também arrasa durante todo filme, principalmente em uma das sequências iniciais. Russel Crowe, entretanto, que já levou o Oscar em Gladiador, parece estar no papel errado e encontra dificuldades para alcançar algumas notas. 


O elenco de peso conta ainda com Amanda Seyfried (Cosette), a dupla Helena Bonham Carter e Sacha Baron Cohen (alívio cômico do filme) e a pequena criança Daniel Huttlestone (Gavroche), que protagoniza uma das cenas mais emocionantes da película. Além das ótimas performances, vale a pena destacar também a fotografia de Danny Cohen (que também levou o Oscar por O Discurso do Rei), a direção de arte (os cenários são espetaculares) e os figurinos, além, é claro, da linda trilha sonora que acompanha o filme em toda sua duração. A direção de Tom Hooper, entretanto, vem dividindo opiniões devido a alguns enquadramentos diferenciados, como os ínúmeros close-ups nos atores quando estes estão cantando, o que parece estranho em algumas cenas.


Com uma produção grandiosa, oito indicações ao Oscar e atuações irretocáveis, Os Miseráveis é um ótimo filme que não agradará a todos por sua fórmula pouco convencional. Ainda assim, o filme emociona como poucos e pode fazer até os mais durões saírem do cinema sensibilizados com seu tocante final, mesmo que estes não queiram ouvir alguém cantando qualquer tipo de música por um bom tempo.

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