terça-feira, 28 de janeiro de 2014

How Your Mother Met Me

Pode parecer exagero ou somente o desejo de começar esse texto com uma frase marcante, mas a verdade é que foram nove anos de espera por este episódio especial. Acompanhamos desde 2005 a jornada de nosso protagonista Ted Mosby em busca da mãe de seus filhos, assistindo a ele e seus amigos crescerem, evoluírem e se relacionarem de diversas formas. Neste décimo sexto capítulo da nona temporada, o DUCENTÉSIMO (sim, 200 episódios!) da série, enfim conhecemos de fato a mais do que aguardada "Mother".



















"How Your Mother Met Me", como não poderia ser diferente, é quase inteiramente focado na personagem interpretada por Cristin Milloti. O episódio tem início em um dia de 2005, quando Ted conheceu Robin e Marshall e Lilly ficaram noivos. Curiosamente, o início de uma grande jornada para Ted foi o fim de uma para a Mother (até agora não sabemos seu nome), pois neste exato dia ela perdeu seu namorado Max em um acidente, tragédia que a traumatizou por longos anos e a impediu de construir novas relações amorosas. 


Como já vimos anteriormente em episódios menos convencionais, o roteiro passeia por vários momentos em diferentes temporadas da série que já acompanhamos, nos quais Ted e sua futura amada por pouco não se encontraram. O primeiro flashback envolve a primeira aparição do lendário guarda-chuva amarelo, que Ted encontra por acaso na primeira balada da Mother em anos. Em seguida, vemos a personagem em uma das aulas de arquitetura de Ted, que já havia anunciado há umas quatro temporadas que sua futura esposa também era sua aluna. Temos ainda a volta de Rachel Binson como uma das antigas pretendentes do arquiteto (e que depois acaba revelando-se uma lésbica), dentre outras situações sabiamente utilizadas pelos roteiristas.


Em todos estes momentos, vamos conhecendo as idiossincrasias da Mother, com seu jeito pessimista, bem-humorado e muitas vezes semelhante ao de seu vindouro parceiro romântico. E se alguém ainda duvidava do talento de Cristin Milloti, em "How Your Mother Met Me" a atriz prova todo seu talento conferindo personalidade à Mother, mostrando que ela não era uma simples menina esperando seu príncipe encantado, mas uma mulher com virtudes e defeitos. Ela pode não ser tão bonita como muitos esperavam, mas é bom lembrar que a série nunca foi um concurso de beleza em que a vencedora ficaria com Ted. 

Apesar do alto nível de qualidade do episódio (que obteve uma das melhores audiências em anos da série), o tão aguardado encontro pessoal entre Ted e sua futura esposa não aconteceu. Foi um pouco frustrante, mas, faltando menos de dois meses para o último episódio de How I Met Your Mother, que é quando certamente veremos o evento mais antecipado da história das séries de TV, a espera será recompensada. 


Afinal, o que são mais alguns episódios de curiosidade pra quem já viu 200?  

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O Hobbit - A Desolação de Smaug

Depois do que pareceu ser uma eternidade, eis que finalmente a segunda parte da nova trilogia de Peter Jackson, inspirada no livro de J.R.R Tolkien, chega aos cinemas. Mais dinâmico, sombrio e melhor em termos gerais do que o seu antecessor, O Hobbit - A Desolação de Smaug veio para agradar aos maiores fâs de O Senhor dos Anéis e encher os olhos de todos os espectadores, apesar de alguns problemas recorrentes no longa-metragem. 



















A grande polêmica (mimimi) que ronda a produção é a sua divisão em partes. A princípio, seriam feitos dois filmes, mas com o desenvolvimento do roteiro e o decorrer das filmagens, o diretor Peter Jackson e suas roteiristas Frans Walsh e Philippa Boyens acreditaram que poderiam incluir outras anotações de Tolkien para expandir a história.  Assim ficou definida a produção de três filmes ao invés de dois. Apesar de concordar com as críticas de que o primeiro longa, Uma Jornada Inesperada, poderia ser mais curto, apoio a decisão da divisão em três partes e, após assistir a este segundo filme, acredito que o resultado final venha a ser extremamente satisfatório.


Com a parte técnica do filme irretocável como sempre (efeitos visuais, design de produção, tudo lindo - a Cidade do Lago é belíssima e extremamente detalhada), o que torna A Desolação de Smaug melhor que Uma Jornada Inesperada é a ação constante (a cena dos barris é espetacular) e a sensação de urgência provocada pela ameaça do Necromante e pelo dragão Smaug. Apesar de algumas cenas demasiadamente longas, os personagens estão quase sempre em movimento enfrentando inúmeros obstáculos rumo à Montanha Solitária, ao contrário do primeiro filme, em que demoram quase uma hora pra sair do Condado. O roteiro do filme é mais ágil e os personagens bem desenvolvidos, o que também torna o filme mais emocionante. E apesar de novamente alguns críticos estarem reclamando que a maioria dos anões são meros coadjuvantes e não tem personalidade própria, tendo em visto a quantidade (13!) e semelhança física deles, não consigo ver isto como um problema. Pelo contrário, os irmãos Fili e Kili, que tem um papel importante no próximo filme, ganham mais destaque.


Assim como em As Duas Torres, segunda parte de O Senhor dos Anéis, nesta segunda parte de O Hobbit a história também se ramifica e os personagens se dividem em grupos. Gandalf, por exemplo, deixa seus companheiros anões e vai investigar os mistérios da fortaleza de Dol Guldur, onde ocorre uma das melhores sequências do filme e que estabelece uma grande conexão com O Senhor dos Anéis. Toda esta passagem não se encontra no livro, que somente relata por alto os atos de Gandalf após abandonar os anões. Preenchendo este vazio deixado pelo livro com anotações extras de Tolkien encontradas em apêndices e em outros obras, Peter Jackson incrementa a história do filme e mostra que sabe o que está fazendo.


Enquanto Bilbo começa a sentir o peso do Um Anel sobre ele e Thorin torna-se um líder ainda mais determinado, os novos personagens são todos bem-vindos, mesmo os que não estavam no livro. A elfa Tauriel, interpreta por Evangeline Lilly, chama a atenção por suas habilidades e beleza, e ainda se envolve em um triângulo amoroso bem inusitado. Legolas (Orlando Bloom), como o esperado, dá aula de pancadaria e participa de sequências de ação memoráveis (e absurdas), e até mesmo o misterioso Necromante finalmente se revela de forma muito positiva. O ator Luke Evans também entrega uma sólida atuação como o corajoso arqueiro Bard, da Cidade do Lago, mas quem rouba a cena de fato é Smaug, o mais belo e imponente dragão já criado na sétima arte, que teve sua voz e a captura de movimentos emprestados pelo ótimo ator Benedict Cumberbatch. Ele só aparece lá pelas duas horas de projeção, mas a espera vale a pena. Smaug é ganancioso, articulado, esperto e tem uma fortíssima personalidade.


Por se tratar de um filme do meio, o longa acaba parecendo mais um epísódio do que um filme de fato, visto que tudo fica em aberto para a terceira parte, que só estreia em dezembro de 2014. A última cena do longa, principalmente, deixa um gigantesco e frustrante sentimento de "quero mais", mas que não deixa de ser empolgante. Há ainda duas sequências em particular do filme me soaram um pouco forçadas. Em uma delas, os anões encontram um último obstáculo antes de chegar até o seu tão  almejado destino... e desistem rapidamente de tentar superá-lo, o que leva Bilbo a tentar salvar o dia mais uma vez. Além desta, a tentativa de Thorin e cia. de matar o dragão em Erebor no fim do filme, apesar de bem feita, também acaba levando muito tempo e mostrando-se irrelevante devido a sua previsível resolução.


Após um bom primeiro filme e um ótimo segundo, com alguns erros e muitos acertos, a terceira parte de O Hobbit promete ser a melhor da trilogia, com a provável maior guerra da história do cinema, a aguardada Batalha dos Cinco Exércitos. Lá e de Volta Outra Vez, título do capítulo final desta trilogia, também será o grande link entre O Hobbit e O Senhor dos Anéis e marcará a despedida definitiva da Terra-Média nos cinemas.

Nota: 9.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

O Inacreditável Final de Dexter

Como eu já havia escrito aqui, após os medianos últimos anos de Dexter, a última temporada da série tinha a difícil missão de restaurar o antigamente gigantesco nível de qualidade do programa. Aquele das primeiras temporadas, quando a cada episódio ficávamos mais fascinados pelas idiossincrasias, pelo código e pelas mortes do fabuloso anti-herói Dexter Morgan. Bons tempos. Pois isso nem de longe aconteceu. Nesta oitava temporada, zilhares de erros passados foram repetidos e outros novos se juntaram à lista. De furos absurdos de roteiro a plots completamente descartáveis. Mas tudo pode sempre mudar com um series finale. Ainda havia esperança para um honroso final. 


Em seu décimo segundo episódio da oitava temporada, Dexter despede-se do público de maneira inacreditavelmente ruim. Assistir aos últimos 10 minutos deste último capítulo chamado de Remember the Monters? é quase constrangedor. Até mesmo ignorando todos os erros da série, é lamentável saber o que os roteiristas e produtores decidiram fazer com personagens que acompanhamos e nos preocupamos por tantos anos.


 Acima de tudo, é triste saber que Debra Morgan morreu sem sequer um dia de espera de seu irmão após entrar em coma, desligando os aparelhos que a mantinha viva com uma pressa inexplicável. Um dia sequer. A morte da personagem já vinha sendo especulada há tempos, mas a execução de tal ato pareceu somente mais uma tentativa apressada e desesperada dos produtores da série de chocarem o público e levá-lo às lágrimas neste final. Não há nada de errado com a morte de Deb, mas com a forma absurda com que ela foi concebida. Não bastasse isso, Dexter consegue remover o corpo da irmã do hospital, levá-lo até seu barco no meio da tempestade para em seguida despejá-lo no mar. No mar. No mesmo lugar onde ele se livrou de centenas de cabeças, pernas e braços de inúmeros assassinos. 


E se já havia algum espectador estarrecido (como este que vos escreve) com tais acontecimentos, o que vem depois é ainda mais desconcertante. Após passar quase uma temporada inteira planejando sua fuga para a Argentina com Hannah e Harrison, Dexter esquece de tudo isto e de tudo o que o motivou por tanto tempo e resolve ir de encontro ao olho do furacão que chegava a Miami. É claro que a morte de sua irmã afetou o seu comportamento, mas cometer suicídio? Abandonar o próprio filho? Rita deve ter se revirado no caixão. Não dá pra engolir. 


Felizmente (ou não), Dexter também desenvolve superpoderes nos últimos minutos do episódio e consegue sair vivo do centro do furacão (seu barco é despedaçado, mas Dexter sobrevive). A última sequencia da história da série mostra o serial killer barbudo vivendo isolado e trabalhando em uma madeireira. Se Dexter continuou matando pessoas ou um dia decidiu rever seu filho e Hannah? Nunca saberemos. 

  
Encerrada a história da dupla principal, fica a pergunta: e o resto dos personagens? E a relação de Masuka com sua filha? Quinn um dia se tornou um sargento? Como ficou a babá do Harrison nesta história? Pra que diabos a Dr. Vogel serviu nesta temporada? Inúmeras perguntas sem resposta e sem nenhuma necessidade de existirem. Dexter raríssimas vezes soube trabalhar com suas tramas paralelas, quase sempre esquecíveis. 

Apesar de tudo isso, o final da um dia aclamada série ao menos esforçou-se para sair de sua irritante inércia e conseguiu construir um clima de urgência no duelo Dexter versus Saxon (que é capturado da forma mais idiota imaginável). A morte do vilão pouco aproveitado também foi um dos ápices deste último episódio, com uma boa química entre os atores Darri Ingolfson (que só sabe arregalar os olhos) e Michael C. Hall. E como já é de praxe, é necessário elogiar a atuação de Jennifer Carpenter como Deb, talvez a única coisa que tenha realmente evoluído nestes últimos anos da série. Uma indicação ao Emmy não seria desmerecida. 

Este foi um final decepcionante para uma série que já foi um dia tão grande. Anos mais tarde, Dexter será lembrada por seu protagonista emblemático, o anti-herói e serial killer do bem, e por suas primeiras temporadas fantásticas, enquanto seus últimos anos, e certamente este final, hão de ser esquecidos.

Obs: a cena do flashback do nascimento do Harrison parece a de um filme b indiano. A peruca de Deb e o "bebê de plástico" Harrisson são escancaradamente falsos.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Bling Ring - A Gangue de Hollywood

Após sua morna recepção no Festival de Cannes de 2013, o filme que com certeza chegaria direto em DVD em território nacional, não fossem os nomes da diretora Sofia Coppola e da atriz Emma Watson nos créditos, estreou nas telonas brasileiras há cerca de duas semanas. Bling Ring - A Gangue Hollywood retrata com fidelidade a considerável despretensão e extravagância da vida adolescente nos luxosos bairros de Los Angeles.

O longa, baseado em fatos reais, narra a história de um grupo de cinco "amigos" hollywoodianos que começa a assaltar a casa de artistas famosos. Paris Hilton, Lindsay Lohan e Orlando Bloom são algumas das vítimas dos jovens, que levam roupas, sapatos e outros zilhões de objetos que juntos chegam ao valor de três milhões de dólares. Entediados, superprotegidos e incontroláveis, o quinteto de amigos interpretado pelos atores Claire Julien, Taissa Farmiga, Katie Chang, Israel Broussard e Emma Watson aspira ao mundo da fama sem qualquer peso na consciência, se é que eles tem alguma.  

Apesar da premissa interessante e da abordagem do assunto que deu o que falar em 2009, quando os roubos ocorreram, o grande problema do filme é a sua própria trama. Praticamente tudo o que o acontece na tela nós já sabemos somente assistindo ao trailer. Adolescentes "filhinhos de mamães e papais" que tem todo o dinheiro e a liberdade do mundo para fazerem o que quiserem em um dos lugares mais chiques do planeta. Em um determinado momento do filme, começam os roubos, que só aumentam o fascínio dos personagens pelo glamour das celebridades e suas mansões (sempre desprotegidas) e acabam aumentando a vontade por mais invasões de domicílios e furtos. E é só isso. Um, dois, três assaltos e o espectador já está cansado de tantos closets, jóias, festas, bebidas e drogas. Como também já sabíamos anteriormente, uma hora inevitavelmente algo sai errado. As consequências são apresentadas, e o filme fica por aí.

Sofia Coppola, a diretora do filme e filha de Francis Ford Coppola, responsável pela histórica trilogia O Poderoso Chefão, até tenta dinamizar a narrativa com planos diferenciados, às vezes em um estilo documental. A trilha sonora composta por rap e músicas eletrônicas e as barulhentas e agitadas cenas em festas e boates também ajudam no retrato da juventude descontrolada, sem limites ou censura. Curiosamente, aqui não podemos reclamar dos personagens mal desenvolvidos ou vazios porque eles realmente representam seres humanos "mal desenvolvidos e vazios". Entretanto, é preciso destacar a atuação de Emma Watson (aqui sem o seu marcante sotaque britânico), que mostra-se uma atriz versátil e avança mais um passo no difícil desvencilhamento de sua imagem como Hermione

Apesar de passar longe de outros trabalhos da diretora, como o ótimo Encontros e Desencontros, Bling Ring tem como grande ponto positivo sua veracidade. Mas ao fim da projeção, é difícil não se perguntar se um longa-metragem sobre os eventos ocorridos era realmente necessário.  

Nota: 7.